Bom gosto(?)

| Posted in , , | Posted on 24.11.10

                                                                    
Gosto: cada um tem o seu. E tem gosto pra tudo!
Arquitetos estudam na faculdade (pelo menos deveriam estudar) as tipologias arquitetônicas e urbanísticas a fim de ter um repertório, uma bagagem cultural capaz de fazê-lo entender o momento em que vivem e por que estão ou querem atuar na profissão. Aí tudo certo se você ou eu não gostamos do que aquele arquiteto X ou aquela arquiteta Y fizeram. Eles têm a bagagem necessária e conseguiram transmitir o seu estilo através do texto que escreveram na edificação. É questão de gosto e não de consenso. Mas a obra do arquiteto de verdade deve ser pertinente à construção da arquitetura enquanto meio de expressão.

Mas, no final das contas, a coisa fica muito pautada na superficialidade e, infelizmente o que vemos hoje em dia é uma repetição de casas e estilos totalmente duvidosos do ponto de vista “conceitual”. O que seria “conceitual”? Ora, o conceito está para as idéias, assim como o tijolo está para o cimento. Portanto, uma casa sem conceito, é uma casa feita sem um pensar, sem um brainstorm, ou seja, sem um projeto de verdade, por mais papel que ela tenha despendido antes de ser aprovada pelo cliente ou pela prefeitura. Trata-se de uma verdadeira limitação conceitual e de idéias essa repetição/imitação de estilos que vemos por aí. E não estou falando de casas da população de média ou baixa renda. Nessas a gente ainda pode ver até mesmo um alto grau de boas idéias, questionamentos, reflexão. As limitações de recursos são muita vezes uma grande geradora do poder de criatividade. O dinheiro a rodo e o crescimento rápido das finanças, seu revés.

Tem gente que gosta das casas rústicas com muita madeira e pedra, tem gente que gosta das casas retas e clean com muito concreto aparente e vidro, tem gente que gosta do estilo das casas americanas (por mais estilos que exista na arquitetura dos EUA, eu sempre acerto quando um cliente pede algo assim. Sim: é sempre a tipologia vitoriana, com telhados de 2 águas na entrada principal, típica dos novos empreendimentos imobiliários de condomínios que vemos hoje em dia aos borbotões), e tem muita gente que gosta da casa do vizinho, e por aí vai.

Na verdade estou querendo fazer uma introdução a uma polêmica (e já exaustivamente discutida) relação. Porque o arquiteto deve ter a bagagem necessária para traduzir/compreender/interpretar o que o cliente define como “seu estilo preferido”.

A relação cliente/arquiteto precisa estar pautada numa afinidade mínima para dar certo, para o projeto nascer (às vezes prematuro, às vezes na base do fórceps) e a obra tomar forma. Senão, o movimento é TENSO. Quando não há essa afinidade, tudo fica rijo e ao mesmo tempo frágil, dá quase tudo errado. Não cabe ao arquiteto impor seu estilo clássico ao cliente amante das linhas retas do contemporâneo. O conceito é um terreno muito mais fértil e delicado do que o do gosto. É o terreno da ética e da paixão. O filósofo Wittgenstein disse certa vez: "você pensa que filosofia é difícil, mas eu lhe digo, ela não é nada comparada com a dificuldade de ser um bom arquiteto".






  Fonte: www.arcoweb.com.br



 Fonte: http://www.greenpacks.org/2009/01/22/the-new-american-home-2009/




Post: Mariana

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